52º Cannes (1999) – abertura
Jovens e veteranos sob o glamour e a glória de Cannes
Por Luiz Joaquim | 21.05.2020 (quinta-feira)
– publicado originalmente na capa do Caderno C, do Jornal do Commercio (Recife), em 12 de maio de 1999 (quarta-feira). Na foto, Cronenberg, Almodóvar e Holly Hunter
Cannes fervilha. De hoje até 23 de maio, esse balneário da Cot d’Azur é transformado num local de grande festa para aqueles que amam cinema. E para você não perder essa festa o Jornal do Commercio, com o apoio cultural da Aliança Francesa, vai acompanhar a 52ª edição do festival francês trazendo detalhes sobre filmes inéditos que já poderão ter lugar garantido na história do cinema. A cobertura será realizada pelo crítico de cinema do JC, Kleber Mendonça Filho.
Nessa edição do festival, a presidência do júri é assumida pela controvertido diretor canadense David Cronenberg (Scanner, Videodrome, Crush). Acompanhando Cronenberg no julgamento dos longas-metragens em competição estão os australianos George Miller (Mad Max), Holly Hunter (O piano), Jeff Goldblum (A mosca) e André Téchiné (Minha estação preferida).
Para escolher o melhor curta-metragem e o campeão da categoria Cinefoundation do festival, outras celebridades foram convidadas. O diretor do filme Festa de família, Thomas Vintenberg encabeça o grupo formado pela atriz francesa Virginie Ledoyen, Greta Scacchi (O jogador), o diretor francês Cedric Klaspich e o brasileiro Walter Salles, diretor de Central do Brasil.
A personalidade dos componentes da mesa dá uma ideia dos parâmetros para a escolha do campão nesse ano. Aton Egoyan, conterrâneo de Cronenberg, por seu filme A viagem de Felícia (Felicia’s Journey) é um dos concorrentes. Egoyan já foi premiado em 1997, quando levou o prêmio da crítica internacional, do conselho ecumênico e o Grand Prix, pelo seu excelente O doce amanhã.
O prêmio de melhor filme esse ano pode gerar uma surpresa. É que se ele for para Chen Kaige, pelo filme L’Empereur et L’Assassin, ou para David Lynch, por The Straight Story, irá contemplar esses diretores com o ingresso para o seleto grupo de cineastas que possuem duas Palmas de Ouro em casa. São eles: Billie August, Francis Coppola, Emir Kusturica e Shohei Imamura. Kaige venceu Cannes com Minha adorável comcubina em 93, e Lynch com Coração selvagem, em 90.
MOSTRAS – Além das mostras competitiva de longas e curtas-metragens, o festival coordena mais três categorias de exibição: Un certain regard, Cinefoundation e longas fora de competição. Desde 1978, a sessão Camera D’Or premia os filmes de cineastas que fazem as suas estreias em qualquer categoria do festival. Por exemplo, a mostra Un certain regard (um certo olhar) não é competitiva, entretanto, Cannes concede ao filme que tem ali sua primeira projeção projetada o direito de concorrer ao prêmio Camera D’Ord.
Dois filmes estão gerando grande expectativas na mostra Um certain regard. Marana Simhasanam, de Murall Nair, e Ratcatcher, de Lynne Ramsay. É que, como aconteceu com Jane Campion (premiada em 93 por O piano), as duas diretoras já levaram a Palma de Ouro pela realização de curtas-metragens em edições anteriores.
Há também uma mostra exclusiva para longas-metragens fora de competição. É sempre uma sessão bastante concorrida considerando que os filmes ali são todos de cineastas que já levaram algum prêmio em Cannes.
Entre outros está Steven Soderbergh, diretor de sexo, mentiras e videotape – que recebeu a Palma de Ouro e o prêmio da crítica internacional no festival de 89. Ele mostra agora o seu The limey. Nikita Mikhalkov (Kolya) apresenta The baber of Siberia, e Werner Herzog (Fitzcarraldo) traz Meu inimigo íntimo (Mein liebster feind).
Na sua 52ª edição, Cannes apresenta, pelo segundo ano consecutivo, a mostra Cinefoundation. Essa sessão tem de descobrir, divulgar e encorajar cineastas estudantes do mundo inteiro. São exibidos vários curtas e médias-metragens, entre ficção e filmes de animação. Ao final, três diretores são premiados com a garantia de que seu primeiro longa-metragem será futuramente exibido no festival.
Veja [na arte] a relação completa dos longas-metragens selecionados para o Festival de Cannes.
0 Comentários