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Críticas

Dois curtas-metragens infantis

“O Tamanho que Não Cai Bem”, 2001, e “Historietas Mal Assombradas”, 2005, combinam diversidade estética

Por Luiz Joaquim | 14.05.2020 (quinta-feira)

texto originalmente escrito em 2009 para o projeto Cine-Educação, produzido pela Fundação Joaquim Nabuco, que consistiu em criar 26 apostilas para 26 programas com filmes brasileiros contendo material crítico e didático. Material distribuído em escolas públicas, incluindo DVDs com os filmes em questão. Na foto acima, imagem de O tamanho que não cai bem.

A combinação entre as animações O tamanho que não cai bem, 2001, e Historietas mal assombradas, 2005, somam um interessante retrato da diversidade estética e inteligência pela qual tem passeado a recente produção de desenho animado no Brasil. São dois produtos criados a partir de técnicas bastante distintas, mas com objetivos bem próximos: atingir o espectador infantil com sagacidade e bom gosto.

O tamanho que não cai bem, com seus traço simples e aparentemente grosseiro, revela exatamente a beleza da simplicidade que forma o universo das crianças. Para elas, a referência é mais importante que a perfeição dessa representação. Sendo assim, o filminho de sete minutes expressa bem essa liberdade de projeções que seu pequeno espectador fará a partir do que ali está a ser mostrado.

O traço naif e os efeitos de som despreocupados com a verossimilhança só reforçam a ideia de que criar animação não é algo tão distante da realidade das crianças. A informação de que O tamanho que não cai bem foi criado a partir de uma oficina feita na escola estadual Almirante Álvaro Alberto da Motta e Silva, em Porto Alegre, sedimenta ainda mais essa verdade. É desenho animado feito por criança para criança. Mais direto e eficaz, impossível.

Já em Historietas mal assombradas, temos uma conjugação de várias técnicas em animação (3D, 2D, Stop motion – fotografia quadro a quadro), todas sofisticadas, que formam um belíssimo cenário para a clássica moldura da vovó que conta histórias para a netinha dormir.

“Historietas mal assombradas”, 2005

A atmosfera e estética mostrada já é sombria por si só, e agrega-se a perfeita narração na voz da atriz Miriam Muniz para a vovó.  Mas, talvez, o grande mérito de Historietas mal assombradas é tornar próximo e atraente a esse público infantil historinhas envolvendo figuras de nosso folclore como o Boitatá, Corpo Seco e o Jurupari.

São lendas, algumas vinculadas à cultura indígena, que aqui ganham formas modernas sem distorcer sua original intenção moral para quem as escuta.

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