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Críticas

Sahara

Uma quase super-produção, lembrando matinês dos anos 1950

Por Luiz Joaquim | 24.07.2020 (sexta-feira)

– texto originalmente publicado no caderno Programa da Folha de Pernambuco em 27 de maio de 2005 (sexta-feira)

É possível admirar o diretor Breck Eisner pelas mesmas razões pelas quais é possível duvidar de suas habilidades quando se vê seu Sahara (idem, EUA, 2005), em cartaz a partir de hoje (27/5/2005). Como um filho legítimo do chefão da Disney, Bob Eisner, Breck certamente sabia que tinha de fazer uma pancada de ações e explosões. Caso contraria seria acusado de estar baseando sua carreira no nome da família. E pode-se dizer que ele não tomou o caminho fácil fazendo Sahara.

Trabalho de risco, o filme quer ser um mix de ação e comicidade a partir de uma história “fora de moda” sob produção modesta, mas bem aplicada e buscando sua personalidade de “arrasa-quarteirão”. Recheado de explosões (algumas exageradas, como a da abertura), Sahara soa como uma matinê dos anos 1950, ou como um dissidente do maior clássico dos 1980: Os caçadores da arca perdida.

A produção mostra Steve Zahn (de Stuart little) e o sem-camisa Matthew McConaughey (de EdTV) como exploradores marítimos numa organização mundial independente. McConaughey busca incessantemente um navio couraçado afundado na Guerra Civil norte-americana, mas nunca tem sucesso. Paralelo a isso, Penélope Cruz (de Vanilla Sky), aparece como médica da Organização Mundial da Saúde no mesmo lugar que eles- a costa africana -, investigando uma suspeita de peste. Lá ela encontrar um governo de militares hostis de um governo ditador que a impede de fazer seu trabalho.

Não há dúvida que esses dois grupos se encontram para combater os militares e um industrial francês corrupto para trazer a paz à região. Mas o tom não é político, e sim o da galhofa. Claro que tudo é feito no último volume, com diversos ‘cabuns!’ enchendo a sala, mas produzindo pouco impacto como resultado final. Apesar disso, é divertido assistir um filme de ação, sem os superlativos comuns em obra do gênero, como aquelas do produtor Jerry Bruckheimer – Bad boys 2; Piratas do Caribe; Pears Harbor e outros.

Talvez o elenco também não colabore para criar uma empatia com o público. McConaughey não é um Sean Connery e Penélope Cruz é seca de carisma. Apenas Steven Zahn, com sua eterna cara de bobo, provoca simpatia quando surge na tela. Mas ainda assim, bobagem demais, como qualquer excesso, também não agrada.

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