15ª CineOP (2020) – programação
São 101 filmes (13 longas, 11 médias e 76 curtas), distribuídos em 7 programas entre 3 a 7 de setembro
Por Luiz Joaquim | 24.08.2020 (segunda-feira)
– Com informações da assessoria do CineOP. Acima, imagem de Avesso, Festa, Baile, (1983), filme de abertura, dirigido por Tadeu Jungle.
Pioneira desde sua criação (2006) a enfocar a preservação audiovisual, memória, história e a tratar o cinema como patrimônio, a CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto chega a sua 15ª edição, de 3 a 7 de setembro de 2020, em formato online, com o mesmo propósito de ser um instrumento de reflexão e luta pela salvaguarda do rico e vasto patrimônio audiovisual brasileiro em diálogo com a educação e em intercâmbio com o mundo.
Mesmo nesse novo formato, a Universo Produção preparou todas as atividades do evento mantendo as mesmas características de uma edição presencial. Assim, tanto o público já habituado com a CineOP quanto aqueles que nunca puderam ir à mostra poderão desfrutar de uma vasta grade de programação gratuita, compartilhada pelas redes com o espírito de engajamento das outras 14 edições. O único festival de cinema brasileiro dedicado a discutir o eixo preservação, história e educação se reinventa para continuar forte como sempre. As atividades da CineOP acontecem em cinco dias de evento, podendo ser acessadas no site da CineOP (clique aqui) e acompanhadas nas redes sociais da Universo Produção.
A programação do evento é estruturada em três eixos principais: Preservação, História e Educação O tema central desta edição é “Cinema de Todas as Telas” e propõe refletir o momento atual mundial, em que a revolução da tecnologia da informação, a transformação dos hábitos culturais, a multiplicação de canais, plataformas, redes e serviços interativos dão o tom da complexidade dos desafios do mundo contemporâneo e globalizado. A coordenadora geral do evento, Raquel Hallak acrescenta “Mais do que nunca precisamos estar atentos e imbuídos do propósito de salvar as nossas imagens e reconhecer a sua importância como matéria-prima de cidadania.
Na programação serão exibidos 101 filmes (13 longas, 11 médias e 76 curtas), distribuídos nas mostras: Contemporânea, Preservação, Histórica, Educação, Mostrinha, Mostra Valores e Cine-Escola e estarão disponíveis de 4 a 7 de setembro, no site cineop.com.br. Além de filmes, o evento promove o tradicional Encontro Nacional de Arquivos e Acervos Audiovisuais Brasileiros, o Encontro da Educação: XII Fórum da Rede Kino, diálogos audiovisuais e rodas de conversa com a participação de 75 profissionais no centro de 24 debates. Serão oferecidas também quatro oficinas, quatro masterclasses internacionais, exposição e lives shows. Toda a programação é gratuita.
A abertura da 15a CineOP será na noite de 3 de setembro (quinta-feira), às 20 horas. O debate inaugural reúne os convidados Ailton Krenak (liderança indígena, escritor e filósofo, destaque da Temática Educação) e Tadeu Jungle (cineasta, artista e poeta) para refletir sobre temática central do evento “Cinema de Todas as Telas” no ano em que a TV Brasileira faz 70 anos. E também a multiplicação das telas, as grandes companhias de streaming e os desafios de garantir espaço efetivo e produtivo para o audiovisual brasileiro.
O título exibido no dia de abertura será o documentário experimental “Avesso, Festa, Baile” (1983), direção de Tadeu Jungle e produção da Tvdo, produtora destaque deste ano na Temática Histórica. O média-metragem trata do programa musical “Festa Baile”, produzido pela TV Cultura de São Paulo com apresentação de Agnaldo Rayol e Branca Ribeiro.
A efeméride da TV no Brasil também vai ser abordada em outras mesas da Mostra, como “TV, Rádio e Vídeo na Educação”, promovida na Temática Educação com a presença de Marília Franco (professora), Marcus Tavares (gerente de formação – TV ESCOLA) e Renata Tupinambá (Rádio Yandê), sob mediação de Esther Hamburger (professora e pesquisadora – USP). Este encontro propõe uma reflexão sobre o papel do acesso público à comunicação como direito fundamental e sua implementação como prática pedagógica relevante para a garantia da cidadania e democratização da sociedade.
SELEÇÃO DE FILMES – MOSTRA HISTÓRICA + MOSTRA CONTEMPORÂNEA + MOSTRA PRESERVAÇÃO – Todas as três temáticas têm uma programação de filmes. Entre os títulos na Mostra Histórica, com curadoria de Francis Vogner dos Reis, o público poderá assistir a trabalhos fundamentais de memória na produção audiovisual, entre eles “Os Arara” (Andrea Tonacci, 1980) e “Wilsinho Galileia” (João Batista de Andrade, 1978) e os médias “A Luta do Povo” (Renato Tapajós, 1980) e “Olho de Gato Perdido” (Vitor Graize, 2009).
Da mesma curadoria, há os títulos da Mostra Contemporânea, com filmes em pré-estreias que também dialogam com a temática deste ano na CineOP, como o documentário “Cadê Edson?”, de Dácia Ibiapina, que trata da maneira como a mídia noticiou uma ação popular no Distrito Federal, e “O Filme da Minha Vida”, de Alvarina Souza Silva, em que a diretora mescla sua história pessoal com a atual situação de crise pela qual passa a produção brasileira de cinema. Outros títulos se relacionam com o imaginário do país pela sua cultura e pela sociedade através de recortes sob olhares do presente, como “Banquete Coutinho”, de Josafá Veloso, sobre o cineasta Eduardo Coutinho; “Seres, Coisas, Lugares”, de Suzana Macedo, que parte da literatura de Guimarães Rosa para encontrar suas inspirações; e “Helen”, de André Meirelles Collazzo, no qual uma garota de 9 anos, moradora num cortiço, é acompanhada pela câmera em seu cotidiano.
A Mostra Contemporânea vai exibir, também em pré-estreia, o documentário “José Aparecido de Oliveira – O maior mineiro do mundo”, direção Mário Lúcio Brandão e Gustavo Brandão e a produção baiana “Dorivando Savará, O Preto que Virou Mar”, de Henrique Dantas e o média-metragem “Os olhos na mata e o gosto na água”, direção de Luciana Mazeto e Vinicius Lopes.
O público poderá conferir ainda uma seleção de curtas-metragens feita pela crítica e pesquisadora Camila Vieira. Entre os títulos estão “Acabaram-se os Otários”, de Rafael Luna Freire e Reinaldo Cardenuto; “Extratos”, de Sinai Sganzerla; “A Viagem do seu Arlindo”, de Sheila Atoé, e “Dona Cila, não me Espere para o Jantar”, de Carlos Segundo. Apesar de a mostra ser realizada em ambiente virtual, as sessões estarão denominadas como originalmente seriam, inclusive para delimitar o perfil dos filmes. Assim, haverá a Sessão Cine Praça, com filmes de diálogo aberto com o público, e os da Sessão Cine Vila Rica, que apresentam propostas mais autorais e de pesquisa.
Pela Mostra Preservação, um dos destaques é a sessão do clássico “Pixote – A Lei do Mais Fraco” (Hector Babenco, 1981), que contará também com o estudo de caso de sua restauração. Outras duas sessões foram programadas pela curadoria da temática Preservação, o documentário “Fotografação”, de Lauro Escorel e a Sessão ABPA, que reúne cinco filmes, sendo quatro produções cariosas e uma do Rio Grande do Sul.
SELEÇÃO DE FILMES – MOSTRA EDUCAÇÃO + PROJETOS AUDIOVISUAIS EDUCATIVOS – A Mostra Educação também tem uma programação de filmes com curadoria de Adriana Fresquet e Clarisse Alvarenga. Uma seleção de 37 curtas produzidos em contexto educacional – por estudantes, professores, professoras ou cineastas, vinculados a escolas/instituições públicas de educação básica e de ensino não-formal serão exibidos em duas sessões, seguidas de debate que conta com a participação de profissionais da educação e do cinema.
Nesta edição, estas produções se organizaram em torno da pergunta: COMO VIVER ENTRE TELAS E JANELAS? Levando em consideração os seis temas com os quais as respostas a essa pergunta devem se relacionar: Delicadeza // Cuidado // Conexões // Memórias // Cura // Sonhos. A proposta foi estimular a filmar pequenas histórias ou fazer ensaios experimentais ou simplesmente registrar um momento específico da vida em casa, na cidade, na aldeia ou comunidade quilombola, desde que respeitando o momento de isolamento social.
Outro recorte, um dos destaques de 2020, são os filmes do projeto Nehemongueta Kunhã Mbaraete. Trata-se de uma troca de vídeo-cartas entre Graciela Guarani, Patrícia Ferreira Pará Yxapy, Michele Kaiowá e Sophia Pinheiro, três mulheres indígenas e uma não indígena, sob diferentes perspectivas do isolamento social. O trabalho resultou no conjunto de filmes que estará na CineOP e que reflete as vidas nas aldeias e como mulheres, mães, educadoras e cineastas têm sido atravessadas pelas questões de saúde, cuidado e cura durante a pandemia. As cineastas e educadoras participam também do debate “Mídias nas Aldeias”.
Uma seleção de 12 projetos audiovisuais educativos será apresentada em três sessões como parte integrante da programação do Encontro da Educação: XII Fórum da Rede Kino com proposta de destacar ações que buscam algum tipo de reflexão junto a produção e circulação de conteúdos para mídias digitais, cinema e televisão, pautados por processos de produção audiovisual escolar – de qualquer país latino-americano.
DEBATES, DIÁLOGOS E RODAS DE CONVERSA – Parte fundamental da programação da CineOP é a realização do Encontro Nacional de Arquivos e o Encontro da Educação: XII Fórum da Rede Kino, que, nesta edição vai reunir 75 profissionais no centro de 24 debates. Participam profissionais do audiovisual e da educação, cineastas, produtores, preservacionistas, técnicos, pesquisadores, acadêmicos com a proposta de refletir temas que dialogam com o recorte curatorial de cada temática e rodas de conversa com a participação de realizadores, criando uma extensão fundamental de reflexão para além da exibição de filmes.
PRESENÇAS INTERNACIONAIS + MASTERCLASSES – A CineOP contará com cinco presenças internacionais de quatro países que vão apresentar masterclasses e participar de debates sobre as temáticas do evento. São eles: Carlos Skliar (investigador principal do Instituto de Investigaciones Sociales de América Latina, Argentina), Christophe Dupin (administrador sênior da Federação Internacional de Arquivos de Filmes – FIAF, Bélgica), Tiago Baptista (diretor do Arquivo Nacional das Imagens em Movimento, Centro de Conservação da Cinemateca Portuguesa e Museu do Cinema, Portugal), Paula Félix Didier (diretora do Museo del Cine Pablo Ducros Hicken, Argentina) e Inés Dussel (pesquisadora e professora do Departamento de Investigaciones Educativas DIE-CINVESTAV, México).
OFICINAS – Para esta edição, a CineOP promove quatro oficinas com oferta de 140 vagas preenchidas por ordem de inscrição. As aulas serão online as opções de atividades são: “Como educar as crianças no mundo das telas?”, com Igor Amin (educador audiovisual, artista transmídia e diretor); “Realização Audiovisual para Web”, com Sérgio Rossini (cineasta, documentarista, diretor de produção e de séries de TV); “A Criação de Mundos em Roteiros Audiovisuais para Multiplataforma”, com Gustavo Padovani (roteirista, consultor e professor universitário); e “Planejamento de Produção de Séries”, com Mariana Brasil (produtora e consultora).
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