“Carro Rei”, de Renata Pinheiro, no 50º Roterdã
Festival inicia em fev. e o filme tem protagonista, ironicamente, com nome de carro
Por Luiz Joaquim | 23.12.2020 (quarta-feira)
Vai ter novo filme pernambucano no Festival de Roterdã, cuja 50ª edição está programa para acontecer de 1º a 7 de fevereiro de 2021, de forma híbrida, online e presencial. É Carro rei, de Renata Pinheiro.
No endereço, um rapaz com a habilidade de conversar com carros, e um carro com ideias totalitárias. Conforme indica o material de divulgação da distribuidora do longa-metragem: “O filme tem como tema uma mobilização popular que toma um caminho irracional e perigoso, combinando elementos fantásticos para abordar questões sociais e políticas do presente”. No Brasil, o filme terá distribuição pela Boulevard Filmes.
O protagonista de Carro rei é Uno (Luciano Pedro Jr), que ganha esse nome em homenagem ao primeiro carro adquirido por seus pais, e no qual ele nasceu a caminho da maternidade. Uno, desde criança, fala com esse mesmo carro, e o considera seu melhor amigo. Um acidente trágico separa os dois: Uno se torna um jovem ativista ambiental, enquanto o carro é despachado para o ferro-velho do seu tio Zé Macaco (Matheus Nachtergaele), um mecânico com ideias mirabolantes.
A diretora, que assina o roteiro com Sergio Oliveira e Leo Pyrata, define o longa como “um filme sobre luta de classes. O projeto surge da observação das cidades brasileiras e da constatação de um exagerado apego da população aos automóveis. Os carros particulares ocupam as ruas, as mentes e os planos dos governantes: são mais que veículos, são tratados com mais regalias que os transeuntes. Essa importância desproporcional dos automóveis na sociedade brasileira, pode ser fruto de uma falsa crença que o carro é um símbolo de ascensão social e prosperidade. Carro rei é o resultado de uma investigação artística que busca construir uma relação interpessoal entre personagens inusitados, objetos inanimados e humanos, em ambientes que revelam essa complexidade. Nos meus filmes tento construir uma narrativa considerando que linguagem visual é tão importante quanto o diálogo. E neste contexto, os objetos também tem grande significância e são personagens vivos.”
O filme se passa em Caruaru (PE) onde a crise econômica está afetando a todos, especialmente a classe trabalhadora. A ideologia de extrema direita, carregada de falsas esperanças, está se espalhando com velocidade; e ela chega de carro.
A fotografia de Carro rei é assinada pelo argentino Fernando Lockett, com quem Renata trabalha desde seu primeiro longa (Amor, plástico e barulho) e, no elenco, está Matheus Nachtergaele, Luciano Pedro Jr, jovem ator negro alagoano, que faz sua estreia em longa metragem; Clara Pinheiro (O som ao redor; A noite amarela) jovem atriz recifense que iniciou sua carreira no cinema aos 12 anos; Jules Elting (O ornitólogo), um ator transgênero não binário, da Alemanha, de carreira sólida no teatro.
Sinopse – Uno tem um dom fantástico: ele consegue se comunicar com carros. Quando uma nova lei proíbe a circulação de carros velhos, e coloca a empresa de táxi do seu pai em perigo, o rapaz busca orientação com seu melhor amigo de infância, um carro de inteligência extraordinária. Junto com seu tio, um mecânico inventivo, eles armam um plano para burlar a lei, transformando carros velhos em “novos”. O carro renasce e seu nome é Carro Rei – um carro que pode falar, pode ouvir, pode até se apaixonar. Um carro que tem planos para todos.
O brasileiro Madalena, de Madiano Marcheti, também foi selecionado para elencar a competição oficial do 50º Festival de Roterdã.
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