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Festivais

59º Cannes (2006) – abertura

O marco zero do cinema: Pedro Almodóvar, Nani Moretti e Sofia Coppola disputam no Festival de Cannes.

Por Luiz Joaquim | 30.05.2021 (domingo)

– texto originalmente publicado em 17 de maio de 2006 no caderno Programa da Folha de Pernambuco

Festival de Cannes. O mais observado e celebrado festival de cinema do mundo inicia hoje sua 59ª edição na croisette (faixa litorânea) francesa, e segue até o próximo dia 28, dando partida a uma corrida mundial de compra, distribuição e lançamentos de tendências de filmes que farão história nos próximos 12 meses e além. Só para dar um exemplo, “Três enterros“, o celebrado filme de estréia na direção de Tommy Lee Jones, ganhou a Palma de Ouro (prêmio do festival) de roteiro, em maio do ano passado. No Recife, o filme deve aportar só neste mês.

Em seus 13 dias do melhor cinema, Cannes organiza o evento em seis mostras: a oficial de longas-metragens, de curtas-metragens, filmes fora de competição, a mostra Un Certain Regard, Cinéfondation, e Cannes Classics. Há ainda a seleção de longas e curtas na mostra paralela Quinzaine des Réalisateurs. É evidente que os holofotes da mídia apontam prioritariamente para a competitiva oficial de longas, mas em se tratando do festival francês, todas os módulos trazem pérolas que merecem toda a atenção.

Este ano, o diretor artístico do festival, Thierry Frémaux,  foi “acusado” de priorizar as produções européias e cineastas já tarimbados, quando vinha, nos anos recentes, apresentando ao mundo novos talentos de todos os continentes, os asiáticos em particular. A acusação é boba, uma vez que, primeiro, obras de nomes consagrados não são necessariamente menos surpreendentes que as dos novos talentos. Segundo que o bom cinema prescinde de nacionalidade.

OFICIAL – O filme que abre o evento hoje à noite, em caráter hors councurs no Grand Theatre Lumière, é “Código Da Vinci“, de Ron Howard, que estréia no Brasil sexta-feira. A competitiva de longas deste ano vai apresentar ao mundo os novos títulos do  espanhol Pedro Almodovar (“Volver“), da americana Sofia Coppola (“Marie-Antoinette“), do italiano Nanni Moretti (“Il Caimano“), do britânico Ken Loach (“The Wind That Shakes the Barley“) e o mexicano Alejandro Gonzáles Iñárritu (“Babel“).

Em “Volver“, com Penélope Cruz e Carmen Maura no elenco, Almodóvar mostra três mulheres de gerações diferentes que sobrevivem ao fogo, à insanidade, à superstição e até à morte. Já Coppola transforma Kristen Dunst na jovem inocente Maria Antonieta. Ao som do New Order, se vê a jovem despreparada para assumir responsabilidade na França do século 18. Moretti mostra o esforço de um falido produtor de cinema para levantar fundos ao seu novo projeto chamado “O Retorno de Cristóvão Colombo“.

O polêmico Loach nos leva à Irlanda de 1920, quando trabalhadores do campo se unem voluntariamente numa guerrilha para combater navios britânicos enviados para interromper o processo de independência da Irlanda. Já Iñarritu dirige Brad Pitt e Cate Blanchett num enredo que remete a Torre de Babel, da Bíblia, construída para atingir o paraíso, causando a ira de Deus que pune seus filhos fazendo-os falar, cada um, uma língua diferente.

Os outros destaques ficam com os franceses “Flandre“, de Bruno Dumont, “Selon Charlie” de Nicole Garcia, e “Quand j’étais chanteur“, de Xavier Gianolli. Uma outra produção da França encerra o festival dia 28. É o filme “Transylvania“, Tony Gatlif. Além de Iñarritu, outro latino na competição é Guillermo del Toro, com “El Labirinto del Fauno“. Ao todo, 19 longas brigam pela Palma de Ouro.

Brasil concorre em Cannes

“O Monstro”, de Eduardo Valente

Eduardo Valente, crítico e realizador carioca, volta a participar de Cannes. A primeira vez foi em 2002, quando venceu com o curta “Um Sol Alaranjado” na mostra Cinéfondation – dedicada ao filmes de escola de cinema. Desta fez, Valente está na competitiva oficial com o curta “O monstro“. o diretor disputa com outros nove trabalhos. Gaspar Noé, de “Irreversível“, terá seu curta “Sida” também exibido, mas fora de competição.

Outro brasileiro em Cannes, na Cinéfondation, é Bruno Jorge, estudante da faculdade Cásper Líbero, com “Justiça ao insulto“, no qual uma pessoa com deficiência, numa audiência judicial, insiste para ser insultado pelas pessoas.

Na mostra Un Certain Regard, na qual “Cinemas, Aspirinas e Urubus” participou em 2005, o cinema latino aparece representado pelo paraguaio Paz Encina (“Hamaca paraguaya“); o argentino Adrián Caetano (“Crónica de una fuga“); e o mexicano Francisco Vargas (“El violín“). Já a Quinzaine des Réalisateurs apresenta 22 longas de 19 países, três sessões especiais e 11 curtas. Um deles, “Sonho de Peixe“, é brasileiro, produzido pelo russo Kirill Mikhanovisky, residente no Rio Grande do Norte.

Entre os longas, destaque para “Bug“, novo filme de William Friedkin (diretor de “O Exorcista“).  “Bug” mostra uma solitária garçonete (Ashley Judd), vivendo sob a atmosfera do pavor após ter sido abusada sexualmente pelo ex-marido.

A mostra Cannes Classics, criada em 2004, exibe na sala Buñel “Os Aventureiros” (Les Aventuriers, 1967), de Robert Enrico, com Alain Delon e Lino Ventura correndo a África atrás de diamantes. O festival também convidou Danielle Darrieux para mostrar seu trabalho em “Nouvelle Chance“, de Annie Fountaine.

 

Seleção oficial, competitiva de longas-metragens

– “Volver” de Pedro Almodóvar

– “Red road” de Andrea Arnold

– “La raison du plus faible” de Lucas Belvaux.

– “Indigènes” de Rachid Bouchareb

– “Iklimler” de Nuri Bilge Ceylan

– “Marie-Antoinette” de Sofia Coppola

– “Juventude em marcha” de Pedro Costa

– “El laberinto del fauno” de Guillermo del Toro

– “Flandres” de Bruno Dumont

– “Selon Charlie” de Nicole García

– “Quand j’était chanteur” de Xavier Giannoli

– “Babel” de Alejandro González Iñárritu

– “Laitakaupungin valot” de Aki Kaurismaki

– “Southland tales” de Richard Kelly

– “Fast food nation” de Richard Linklater

– “The wind that shakes the barley” de Ken Loach

– “Summer Palace” de Lou Ye

– “Il caimano” de Nanni Moretti

– “L’amico di famiglia” de Paolo Sorrentino

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