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Os 1970s que Amamos (#27)

Os Amigos de Eddie Coyle (The Friends of Eddie Coyle, 1973)

Por André Pinto | 04.05.2021 (terça-feira)

Eddie está cansado. Com o peso da idade nas costas, tudo o que ele quer é uma vida sem surpresas, tranquila. Sonha com uma aposentadoria que permita estabilidade financeira e tempo para que possa se dedicar mais à família.

Mas Eddie tem um grande problema: Ele é um gangster de quinta categoria. Intermedia venda de armas de fogo para os bandidos mais perigosos de Boston. Visto por todos como um negociador confiável, ele tem a fama de ter uma extensa rede de contatos e “amigos”. Mas o pobre Eddie Coyle está prestes a enfrentar uma possível condenação na justiça que o colocará atrás das grades por 2 anos. Para ele isso significa a morte.

Sua última jogada é fornecer secretamente informações sobre vendas de armas para o FBI. Em troca, Eddie negocia com um dos agentes para que alguém interceda em sua defesa no processo. Ele está desesperado, pois a manobra é arriscada. Eddie sabe que agora é um caso de vida ou morte. Mas é uma situação muito maior e mais incontrolável do que se possa imaginar: Para seus “amigos”, Eddie é um traidor sujo que não merece viver. Para a Justiça, é apenas mais um criminoso do submundo que merece morrer na cadeia. Para o FBI, é um malandro que pode ser útil, mas facilmente descartável. Eddie está fodido.

Mitchum, impecável como Eddie Coyle

Os Amigos de Eddie Coyle é o drama policial por excelência da nova Hollywood. Cru, sem qualquer artificialismo em sua narrativa, e com personagens de carne e osso que agonizam numa Boston escura e suja, a obra de Peter Yates é das mais ousadas do gênero.

É preciso falar sobre o papel de Robert Mitchum  como o protagonista. Incrível ver a sutileza e naturalismo de um ator que já foi epítome do herói da era de ouro de Hollywood dos filmes de guerra e faroestes, agora completamente sem máscara, sem afetações, na pele de um morto-vivo que se arrasta pelas ruas e bares de Boston, contemplando as cicatrizes nas mãos que já foram esmagadas pela dura vida que achou por bem escolher.

Em determinado momento, tipos humanos do submundo aparecem para quebrar a narrativa do protagonista. Mas não são menos interessantes. Fazem parte da teia que se forma para empurrar a história até o desfecho. É um filme lindo, sem redenções. Merece ser redescoberto.

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