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Os 1970s que Amamos (#9)

Três Dias do Condor (Three Days of Condor, 1975)

Por Luiz Joaquim | 07.05.2021 (sexta-feira)

Eu costumava acordar cedo todos os dias pra ir à escola. Geralmente o café era embalado com as aulas do Telecurso 2°Grau na tevê. Tinha virado um hábito que continuaria até o início da década de 1990. Foi assim que um dia, estando eu no quarto, numa noite de sábado, ouço a musiquinha do Telecurso e me levanto correndo pra conferir se o programa tinha mudado de horário. Chego na sala e vejo meu pai assistindo ao filme da noite na Primeira Exibição. Finalmente eu conhecia Três dias do Condor.

E é embalado pela música de Dave Grusin que mais uma trama de paranoia pós-Watergate se inicia, e o maestro é o realizador dos mais badalados desse período: Sydney Pollack. Confesso que por um tempo suas obras chegaram a ofuscar até um Coppola e um Friedkin. Minhas três paixões eram Jeremiah Johnson [Mais forte que a vingança], [Operação] Yakuza e o Condor, e eu festejava os três como uma trilogia fodona setentista.

E pra mim Condor é tudo que um bom thriller de 1970 tem: O Cinemascope, um roteiro inteligente, e principalmente a elegância da mise-en-scène pollackeana. Até a cena de sexo entre Dunaway e Redford é bela e estilosa, um balé de imagens alternadas entre fotos preto e branco, suspiros, peles arrepiadas e closes fabulosos de gente bonita.

A coreografia de ação é irretocável, meticulosa, linda de se ver. Os primeiros dez minutos da trama se revelam sedutoramente e agarram o espectador pelo pescoço. Assim fui fisgado naquela noite de sábado em que só me levantei após os créditos.

Poucos sabem que a produção foi a única na história a montar um set num escritório do World Trade Center, décadas antes do fatídico 11 de setembro. Existe uma relação quase sobrenatural entre esse filme e a tragédia que chocou o mundo. Na trama já se falava da cobiça americana pelo petróleo. Venezuela e Arábia mencionados. O escritório da CIA numa das torres não era ficção. Existia um departamento de fachada funcionando por lá até 2001. Na mesma semana da tragédia do dia 11, a CIA destacou um grupo para destruir o que sobrou de documentos secretos nos escombros do World Trade Center. E pra completar, no dia do ataque, o ator Cliff Robertson, o personagem Higgins que tinha o escritório na torre, estava pilotando seu aeroplano sobre Manhattan quando o primeiro avião se jogou numa das torres.

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