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Os 1970s que Amamos (#11)

The Hospital (1971)

Por André Pinto | 09.05.2021 (domingo)

A direção é de Arthur Hiller, mas a força criativa é do roteirista, produtor e narrador do filme, Paddy Chayefsky. Mais uma vez o escritor desconstrói uma instituição (mais tarde seria a vez da mídia, em Rede de intrigas), transformando um ambiente de hospital em um microcosmo do EUA em desencanto.

George C. Scott é Dr. Bock, médico chefe e protagonista dessa comédia de humor negro recheado de diálogos afiados ao estilo chayefskiano.

O autor não alivia com o personagem. Dr Bock é um profissional iludido e frustrado com a vida. Terminou um relacionamento de 24 anos com a esposa, e cortou relação com os dois filhos, um deles por ser comunista e outro por se envolver com traficantes de drogas (segundo Bock, problemas familiares típicos da classe média alta americana). Pra completar, o médico chefe estuda cometer suicídio e atravessa um período de impotência sexual e profissional. Total inércia.

Surge então a ex-enfermeira interpretada por Diana Rigg, que usa as instalações do hospital para internar temporariamente o pai, vindo de uma reserva indígena junto com um xamã que tenta realizar cerimoniais de cura dentro de uma enfermaria, sob as vistas de outros pacientes.

A chegada da nova personagem finalmente arranca o protagonista de sua zona de total desconforto. É o desfibrilador que reanima Dr Bock.

Mas tudo isso é pouco para causar um turbilhão dentro desse universo. Chayefsky também nos mostra que o hospital é um ambiente perfeito para cometer crimes. Uma ENTIDADE misteriosa passa a matar alguns internos, e Dr Bock descobre que o assassino consegue se safar graças à inépcia, ingerência e o caos que já existe no estabelecimento.

Hospital é mais uma das pérolas que existiram no universo paralelo da Nova Hollywood, cujo portal de entrada jamais será reaberto novamente.

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