Jurassic World: Domínio
Juntando a turma toda para viver a mesma aventura
Por Luiz Joaquim | 01.06.2022 (quarta-feira)
Colin Trevorrow, diretor de Jurassic World: Domínio (Jurassic World: Dominion, EUA, 2022) – o sexto filme da saga jurássica que, até dia 10 de junho, estará entrando em cartaz nos cinemas de todo o mundo – é o principal nome por trás do retorno da franquia resgatada em 2015 com Jurassic World: O mundo dos dinossauros.
Trevorrow coroteirizou e dirigiu O mundo dos dinossauros. Foi ele, com uma boa história debaixo do braço, quem convenceu Steven Spielberg (produtor executivo e pai da saga, criada em 1993) e Frank Marshall (produtor) de que a correria ao lado de dinossauros deveria ser reavivada, desta vez com 14 anos de nova tecnologia CGI a disposição.
Ele estava certo não apenas quanto a capacidade de beleza e realismo visual que a nova tecnologia poderia oferecer, mas também quanto ao fato de que as crianças e adolescentes que enlouqueceram 22 anos antes, com Jurassic World (1993), eram em 2015 jovens adultos ávidos para reencontro os bichões no cinema e também os apresentar a seus filhos ou sobrinhos numa nova aventura.
O resultado é que Trevorrow fez daquele que foi o seu segundo longa-metragem, um, literalmente, campeão de bilheteria global, chegando à cifra de US$ 1,7 bilhão só nos cinemas.
O filme de 2015 atualizou em tudo o universo jurássico, inclusive no elenco, não mais protagonizado pelo trio da trilogia inicial – o Dr. Alan Grant (Sam Neill), Ellie (Laura Dern) e Ian (Jeff Goldblum) –, e sim com a dupla Owen (Chris Pratt) e Claire (Bryce Dallas Howard).
Para o novo e sexto filme – Domínio – Trevorrow (também coroteirizando) achou por bem reunir as duas gerações de heróis e heroínas colocando-os num novo santuário de dinossauros. A ideia é boa, a princípio, uma vez que o quinteto pode atrair velhos e novos fãs da saga, mas o modo como o enredo aqui foi elaborado para engrenar o faz parecer com o motor de um carro enguiçado, que engasga muito para conseguir sair do lugar. Pelo menos durante toda a primeira metade do longo Jurassic Word: Domínio com os seus 146 minutos.
JURASSIC 6 – O contexto aqui é: quatro anos após a destruição da Ilha Nublar, visto no Jurassic World: Reino Ameaçado (2015), dirigido por J. A. Bayona, o mundo está convivendo razoavelmente bem com os dinossauros, que coabitam o planeta.
Mas as coisas fogem do controle pela ganância de um CEO de uma megacorporação que pesquisa genética. O personagem é vivido por Campbell Scott (de Vida de solteiro), incorporando aqui um gênio da ciência tal qual o Mark Rylance em Não olhe para cima, só que num tom mais realista; ou tal qual um Elon Musk , só que mais afetado que o da vida real.
Uma praga de gafanhotos pré-históricos, modificados geneticamente pela sua empresa, se autoreproduzem rapidamente ameaçando as plantações do mundo. A solução contra essa desgraça pode estar na adolescente Maise (Isabella Sermon), que no filme anterior conhecíamos como um experimento de clonagem, e hoje vive como uma filha criada por Owen e Claire.
Com a menina sequestrada pelo CEO do mal, que vive num santuário repleto de dinossauros maiores, mais violentos e mais barulhentos, Owen e Claire começam uma busca pela garota e lá conhecem e se aliam ao Dr. Grant e a Ellie, ambos ali infiltrados para tentar salvar o mundo da praga dos gafanhotos gigantes, recebendo também a ajuda de Ian.
O que parece muito detalhado aqui sobre o enredo é apenas um rascunho do que o filme elabora. Mas elabora mal a ponto de tornar-se enfadonho em suas explicações e textos explicitamente reiterativos. Redundantes, mesmo.
Em outras palavras, Domínio pode soar, em sua primeira metade, desinteressante para o público infanto-juvenil (alvo certeiro dos filmes conquistados pela primeira trilogia). Entretanto, aqueles que tiverem fôlego para aguentar até a sequência dos dinossauros perseguindo Owen e Claire pelas ruas da bela região italiana de Malta – está sequência é a porta de entrada para o começo da aventura descerebrada e divertida do filme -, então o espectador mirim poderá sentir o espírito das matinês do passado, tal qual Spielberg quis (e conseguiu) imprimir em seu pioneiro Jurassic Park, há 29 anos.
Em termos inventivos há pouco a se comemorar aqui. Ou quase nada. O desafio dos heróis consiste em fugir uma região fechada onde vivem dinossauros assustadores – o grande vilão da vez é o giganotosauros: “o maior carnívoro que já pisou na terra” (isso é repetido algumas vezes pelos personagens, para que ninguém na plateia esqueça de ter medo).
De qualquer forma, a competência da equipe do CGI em projetos assim nunca pisa na bola. Pelo contrário, a cena é sempre roubada por eles, fazendo com que, quase três décadas depois da primeira produção de Spielberg, o espectador calejado ainda escancare a boca diante dos bichões surgindo na tela em sincronia com uma edição de som sempre surpreendente.
O que veio antes?
Jurassic Park (1993), direção de Steven Spielberg. Durante um tour pelo parque jurássico, uma pane de energia faz com que um dinossauro clonado saia do ambiente controlado.
O mundo perdido: Jurassic Park (1997), direção Steven Spielberg. Pesquisadores são enviados para a ilha do Parque Jurássico para estudar os dinossauros, enquanto uma equipe da InGen se aproxima com outros objetivos.
Jurassic Park 3 (2001), de Joe Johnston. Um casal curioso convence o Dr. Grant a ir, de férias, na Ilha de Sorna, a viagem, claro, interfere no ambiente dos dinossauros, pretensamente controlados.
Jurassic World: O mundo dos dinossauros (2015), direção de Colin Trevorrow. 14 anos depois, os bichões que urram voltam ao cinema, desta vez acompanhados por uma nova e jovem dupla de estrelas (Chris Pratt e Bryce Dallas Howard). É quando surge um novo parque construído no lugar do original parque jurássico. Lá se cria um dinossauro geneticamente modificado Indominus Rex, mas o bichão foge e a desgraça começa.
Jurassic World: Reino ameaçado (2018), direção de J. A. Bayona. Três anos após o fechamento do Jurassic Park, um vulcão prestes a entrar em erupção põe em risco a vida na Ilha Nublar, Claire convoca Owen a retornar à ilha com ela para salvar os bichões de uma nova extinção.
0 Comentários