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Reportagens

“Paloma” vai estrear no Festival de Munique

No enredo, a protagonista Paloma, uma mulher trans, sonha se casar numa igreja com o seu namorado.

Por Luiz Joaquim | 09.06.2022 (quinta-feira)

– com informações da assessoria da Carnaval Filmes

Uma boa nova. Marcelo Gomes estreará seu novo trabalho, Paloma, no Festival Internacional de Cinema de Munique. O festival alemão acontece entre 23 de junho e 2 de julho. O longa-metragem marca a estreia de Kika Sena no cinema, no papel da protagonista. Produzido pela pernambucana Carnaval Filmes, em coprodução com a portuguesa Ukbar Filmes, o longa será lançado em cinemas pela Pandora Filmes no segundo semestre desse ano.

Kika, arte-educadora, diretora teatral, atriz, poeta e performer, interpreta Paloma, uma mulher trans que trabalha como agricultora no sertão de Pernambuco. Seu maior sonho é se casar na igreja, com seu namorado Zé (Ridson Reis). Eles já vivem juntos, e criam uma filha de sete anos chamada Jenifer (Anita de Souza Macedo). O padre, porém, recusa o pedido, mas nem por isso Paloma desistirá de realizar seu sonho.

“Quando paro para pensar em toda a minha história de vida, concluo que ocupar um espaço em um filme, além de uma realização pessoal, era também um grande ato político, porque tinha e tem muito a ver com a ocupação de corpas pretas e periféricas e transvestigêneres em produções cinematográficas de reverberação nacional e internacional. Porque não estamos acostumades a ver a natureza de pessoas trans e travestis, nesse contexto, para além dos estereótipos”, afirma Kika.

Marcelo Gomes, que assina o roteiro com Armando Praça e Gustavo Campos, conta que a ideia para o filme veio de uma notícia que leu no jornal. “Era sobre uma mulher transgênero que morava em uma pequena cidade do interior do Pernambuco, e cujo maior sonho era se casar em uma igreja católica, toda vestida de branco. A imagem ficou na minha memória por anos porque incorporava várias contradições em um único ato. Eu pensei que essa história singular deveria se tornar um filme”.

“Embora o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo já seja um direito consolidado no Brasil, Paloma quer algo mais. Ela quer a imagem completa. Ela anseia por uma experiência mística que afirme seu amor, transformando-o em um vínculo espiritual e não apenas legal. Somente uma liturgia religiosa pode cumpri-la”, complementa.

Kika, por sua vez, aponta, também, a importância do longa e debates que deverá instigar. “Acredito que ele trará muitas discussões a respeito do que consideramos como ‘família’, além de ser um espaço de ocupação dos nossos corpos reais no cinema”, conclui.

Em sua equipe artística, Paloma conta Pierre de Kerchove (Eu quero voltar sozinho, Joaquim), na direção de fotografia; Rita M. Pestana (Fortaleza Hotel) assina a montagem; e a direção de arte é de Marcos Pedroso (Cinema, aspirinas e urubus, Madame Satã). O casting foi feito por Maria Clara Escobar. E preparação de elenco por Silvia Lourenço. A produção do filme é de João Vieira Jr. e Nara Aragão.

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