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Críticas

Ingresso para O Paraíso

Romance com sacarose em dose agradável para toda a família.

Por Luiz Joaquim | 07.09.2022 (quarta-feira)

No ano de 1925, aqui em Pernambuco, foi rodado e lançado nos cinemas Aitaré da praia, com direção de Gentil Roiz. Em destaque visual, a praia de Piedade. Em destaque no enredo, o modesto jangadeiro que salva uma moça da cidade Grande, veranista com o seu pai, de um naufrágio. O rapaz se apaixona pela moça, mas o romance vai encarar dificuldades.

Pulamos 97 anos adiante, chegamos em 2022, e vamos a Hollywood, ou melhor, à ilha de Bali, na Indonésia, pelo veraneio da recém-formado advogada Lily (Kaitlyn Dever), de 25 anos, no filme Ingresso para o paraíso (Ticket to Heaven, 2022, EUA) – que tem estreia nos cinemas nesta quinta-feira (8).

Lily está acompanhada pela melhor amiga, Wren (Billie Lourd) e num tour pelas piscinas naturais locais, enquanto mergulhavam, ambas são esquecidas pelo barco que as deixou ali. O susto à deriva termina quando o modesto jovem local, Gede (Maxime Bouttier), passa de barco e salva as duas. Lily se apaixona pelo rapaz, mas o romance vai encarar dificuldades.

A diferença pós-mote dos dois filmes é que as dificuldades, no caso de Lily, são apresentadas pelo seu pai (George Clooney) e pela sua mãe (Julia Roberts). Dirigido por Ol Parker – o responsável pela sequência de Mamma Mia em 2018 –, Ingresso para o paraíso não se esgueira de utilizar bastante a sua maior moeda de troca aqui: a estelar dupla que volta atuar junta, agora num romance com sacarose numa medida calculada para conquistar jovens e não-jovens espectadores.

Ainda que Roberts e Clooney pareçam estar nessa pela estada no real paraíso turístico que é Bali, a dupla de veteranos é bem aproveitada na segunda parte da trama. Mas, vale registrar, é o romance juvenil – entre Lily e Gede – que cativa aqui em grau maior.

Maxime Bouttier (e) Kaitlyn Dever cativam como o jovem casal apaixonado.

Enquanto Lily, apaixonada, toma pela primeira vez uma grande decisão por si própria (ela resolve que vai casar com Gede e viver em Bali), os personagens de Clooney e Roberts estão separados há duas décadas e mal suportam dividir o mesmo ambiente.

Pela destilação de ódio entre um e outro no primeiro terço do filme, fica dado o tom do humor dessa comédia romântica. Mas é um tom que parece não mais colar bem nos rostos de Clooney e Roberts, donos de expressão tão distantes daqueles que os tornaram famosos como galã e mocinha.

E não nos referimos a idade dos atores para assuntos do coração, mas sim pelo histórico que construíram para as suas carreiras depois da fase inicial, com personagens sempre às voltas de problemas mais, digamos, realmente adultos a resolver.

Em outras palavras, afirmamos, é só quando a dupla começa a se comportar como adulta – e não como dois bobos movidos pelo ódio irracional (irracional ao menos naquilo que o filme nos apresenta) – é que começamos a simpatizar com ela.

Nessa história de amor vivida filha e (re)vivida pelos pais, com cada um levando a tudo a seu modo e conforme a geração dos dois casais, há ainda espaço àquele sentimento nobre da afeição paternal e maternal pela sua cria.

É, enfim, o filme da semana para o espectador em família rir um pouco, conjuntamente, e babar pelas locações que fazem nos lembrar porque o cinema é também uma importante janela para mundo.

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