38° Guadalajara (2023) – Asteroid City
O que esperar – e o que não – do novo Wes Anderson
Por Ivonete Pinto | 05.06.2023 (segunda-feira)
O mais recente título de Wes Anderson abriu o 38° Festival Internacional de Cine de Guadalajara. Um evento que celebra a produção latino americana, mas não deixa de espichar o olho para a grande indústria, com outros filmes na programação, como a animação “Homem-Aranha Através do Aranhaverso”.
E não faltaram entusiastas do estilístico Wes Anderson na sessão de gala que abriu o festival e há poucos dias mostrado em Cannes. De fato, Asteroid City (EUA, 2023) é um banquete visual, e diferente de filmes anteriores deste americano, tem um humor mais assumido, mais explícito. O que torna até possível passar os 139 minutos de sua duração tendo algum divertimento.
A história se passa em 1955 em torno de um concurso escolar dedicado à observação de fenômenos astronômicos. A cidade fictícia do concurso fica no deserto e é, claro, totalmente fake, em sintonia com o imaginário retrô-nonsense-fantástico-esquisito de Anderson exibido em títulos como Viagem a Darjeeling (2007) e O grande hotel Budapeste (2014).
Neste clima, surge um simpático alienígena que vem dar o ar da graça durante o concurso deixando todos atônicos. O melhor do filme é a entrada em cena não do alien, mas do alto comando do exército americano fazendo seu papel, ou seja, negando a aparição do alien, a despeito de todas as provas. Uma delas é a do fotógrafo vivido por Schwartzman. Ele, que é viúvo e funciona mais ou menos como personagem central, tem um filho geniosinho e um pai… Bom, não faz muito sentido contar o resto do enredo porque Asteroid City é um tipo de filme que se move mais pela sua expressão e atmosfera estética do que pela história ou pelo tema. História e tema são realmente irrelevantes no universo de Anderson.
Neste universo, vale destacar sua marca característica: o desfile de atores conhecidos dizendo “hei, eu também fui convidado para esta festa à fantasia!”. Começando pelo roteiro, assinado por Anderson e Roman Coppola, filho do Francis Ford. A partir dos créditos iniciais, então, vemos uma sucessão de nomes-chafariz entrando em cena: Scarlett Johansson, Willem Dafoe, Tom Hanks, Margot Robbie, Jeff Goldblum, Edward Norton, Tilda Swinton, Liev Schreiber e Adrien Brody. Não nesta ordem. Aliás, pela ordem vemos Bryan Cranston, o eterno de Breaking Bad, fazendo um mestre de cerimônias de uma história dentro da história.
A questão é: para que serve isto? O tempo todo somos distraídos com o cenário criativo-fofo e quando queremos prestar mais atenção na trama cai do céu outro ator fazendo sua participação especial para nos roubar a atenção. Se a proposta é esta e você não espera nada além disto, Asteroid City cumpre sua função.
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