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Críticas

Beetlejuice Beetlejuice

O demônio mais divertido do cinema está de volta, mas com pouco tempo de tela.

Por Luiz Joaquim | 06.09.2024 (sexta-feira)

Os Fantasmas ainda se divertem: Beetlejuice Beetlejuice (Beetlejuice, Beetlejuice, EUA, 2024) é, provavelmente – me corrijam se estivermos errado -, a mais distante sequência realizada, desde o seu filme originário, com um mesmo elenco e um mesmo diretor. 

36 anos separam o lançamento de Os fantasmas se divertem dirigido por Tim Burton e estrelado por Michael Keaton, Winona Ryder e Catherine O’hara do lançamento do filme 2, com Tim Burton e estrelado por Michael Keaton (Beetlejuice), Winona Ryder (Lydia) e Catherine O’Hara (Delia). 

O único personagem entre os vivos (e não ‘fantasmas’) do primeiro filme que não aparece no filme 2 é Charles (Jeffrey Jones), pai de Lydia, casado com Delia. Jones não faleceu, mas a produção da sequência teve boas razões para não convidá-lo. Leia, ao final deste texto, quais foram estas razões.

É quase inacreditável pensar numa sequência tão distante. Tanto espaço temporal entre um filme e outro não poderia deixar de apresentar marcas fortes no seu resultado por conta de um ou outro ator. Winona Ryder talvez seja a mais evidente prova disso em cena. 

Ortega e Wynona: A agora adulta Lydia tem de enfrentar os conflitos juvenis da filha Astrid.

Com uma vida pessoal conturbada após o final do romance com Johnny Depp no início dos 1990, Wynona viveu uma profunda depressão. Cerca de dez anos depois, foi condenada por ter roubado produtos de luxo numa loja em Beverly Hills. A carreira não interrompeu, mas começou a seguir um outro caminho e, a julgar por Beetlejuice 2, o seu talento parece ter sido bastante afetado. 

Aquela que é uma dos mais valiosas ferramentas de um ator (o seu rosto) parece não atender bem ao que Lydia adulta precisaria no novo filme. Quando encontramos Wynona como a Lydia adulta ela parece uma caricatura adulta da Lydia de 17 anos de idade em 1988. 

Keaton também não é o mesmo. A eletricidade que deu ao bio-exorcista e que tanto marcou o filme original está, agora, numa voltagem baixinha. Se fossemos matematicamente contar o tempo de seu personagem em cena no novo filme, talvez o título da obra seria outro, não teria o nome de seu personagem.

Mas Keaton (73) ainda sustenta bem a cafajestice do demônio debochado (hoje mais moderado no palavrão, claro) que precisa casar com Lydia para sair do seu eterno inferno.

Família no funeral de Charles (Jeffrey Jones). Entenda, mais abaixo, por que mataram o personagem nesta sequência, mesmo com o ator ainda vivo.

O novo filme agrega três novos elementos, sendo dois deles pouco aproveitados. Eles atendem pelos nomes de Monica Bellucci e Willem Dafoe. A personagem da atriz italiana chega para nos explicar a origem de Beetlejuice. É quando sabemos que antes de ir para o inferno como bio-exorcista, viveu na idade média, na Itália, como um profanador de túmulos. 

Mas Bellucci não possui nenhuma fala e está ali apenas como uma escada para as piadas de Beetlejuice. Já Dafoe, como uma espécie de policial do além – na verdade como um ator que acha que é um policial – está como que numa bolha de bobagem não divertida dentro desse filme que, como um todo, é uma bobagem divertida. 

O terceiro elemento é acertado e vem na forma da jovem Astrid (Jenna Ortega, de X: A marca da morte e a telessérie Wandinha). Astrid é a filha adolescente de Lydia, e entrega a sua mãe o que Lydia entregava a Delia em 1988. Só que com um elemento extra: Astrid se constrange pela mãe ser um ídolo da tevê com seu popular programa sobre paranormalidade.  

De qualquer forma, o roteiro de Alfred Gough, Miles MIllar e Seth Grahame-Smiht dá conta da bizarrice que se espera de uma sequência do clássico original dos 1980. E num ritmo, arriscamos dizer, que equilibra o interesse do público juvenil – que não tem nenhuma relação com o filme 1 -, atendendo também os cinquentões que lembram com um sorriso no rosto das patifarias do velho Beetlejuice.

Dafoe em personagem que poderia ser vivido por qualquer ator menor.

E parece claro dizer que Beetlejuice 2 garante, pelo menos, já duas sequências antológicas que serão lembradas no futuro. Uma delas é a atualização da mais lembrada sequência do filme 1,  a do jantar da família de Lydia, possuída pelos espíritos malignos que os fazem cantar The banana boat song, de Harry Belafonte. 

Agora é uma versão divertida de MacArthur Park, de Donna Summer, que vai animar a todos durante o casamento de Beetlejuice. Impagável. 

A outra nova sequência inesquecível também acontece no mesmo casamento, e parece um recado maroto de Tim Burton, que como um garoto levado, parece dizer o que acha dos influencers digitais. 

Por que Jeffrey Jones não foi convidado a participar de Beetlejuice 2?

Na década seguinte, após o lançamento de Beetlejuice no final dos anos 1980, Jeffrey Jones apareceu Caçada ao outubro vermelho, Ed Wood, Stuart Little e A lenda do cavaleiro sem cabeça. No entanto, em 2002, Jones foi acusado por uma ação criminosa, sendo preso por posse de pornografia infantil e por solicitar imagens sexualmente explícitas a um rapaz de 14 anos. As acusações foram posteriormente retiradas, mas o incidente levou a uma liberdade condicional de cinco anos, bem como à obrigação de Jones se registar como agressor sexual.

Os problemas legais de Jones não terminaram aqui. Depois de não ter cumprido, por seis anos, a obrigação de atualizar seu estatuto de agressor sexual na Florida e na Califórnia, Jones foi preso em 2010. Desta vez, declarou-se culpado das acusações, o que resultou em mais três anos de liberdade condicional e uma pesada pena de serviço comunitário.

fonte : ScreenRant

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