– Na imagem em destaque, o filme “Perequeté’ (1981), de Bertrand Lira

A Mostra Perequeté: Cinema Queer Nordestino, iniciada em 5 de outubro, segue até 3 de novembro de 2024 no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) em São Paulo. O evento apresenta um panorama da produção cinematográfica queer da região, desde os anos 1980 até os dias atuais, destacando a resistência e a criatividade de cineastas que desafiam os padrões e as normas sociais.

Uma das atrações da mostra é a sessão especial dedicada aos filmes em Super-8 produzidos em João Pessoa nos anos 1980, durante o período da ditadura militar. Essas obras, que integraram o movimento Cinema Guei, foram recentemente restauradas com o apoio da Iniciativa de Digitalização de Filmes Brasileiros (IDFB), garantindo sua preservação para as futuras gerações.

O filme central da mostra, Perequeté (1981), de Bertrand Lira, acompanha a trajetória de um ator e bailarino que enfrenta o preconceito no cenário artístico paraibano. Outras produções marcantes daquela época incluem Baltazar da Lomba (1982), do Grupo Nós Também, que aborda a repressão à homossexualidade no Brasil Colônia, e Era Vermelho Seu Batom (1983), de Henrique Magalhães.

ênus de Nyke (2021), de André Antônio, integrante do coletivo Surto & Deslumbramento.

O cinema pernambucano está representado por nomes como Leo Tabosa, Alexandre Figueirôa e o coletivo Surto & Deslumbramento. Figueirôa, em particular, apresenta diversos filmes que exploram a cena LGBTQIA+ no Recife. Em Eternamente Elza (2013), ele documenta a vida de Elza Show, uma transformista que homenageia grandes divas da música brasileira, revelando memórias e aspectos do cotidiano dessa trajetória. Kibe Lanches (2017) reconstitui a atmosfera de um famoso restaurante no Recife, que, na década de 80, se tornou um ponto de encontro da comunidade LGBTQIA+ e celebrou a cultura local. Piu Piu (2019) retrata a vida do transformista Elpídio Lima, destacando sua contribuição ao teatro e sua paixão por imitar grandes cantoras da época. Por fim, Recife, Marrocos (2022) é um filme-ensaio que reflete sobre a construção da memória da cena LGBTQIA+ na cidade, entrelaçando as lembranças pessoais do realizador com as histórias de personagens que habitam esses espaços. Consuella (2023) apresenta a trajetória de Consuelo, uma travesti que se tornou vedete em Paris, enquanto De Vez em Quando, Quando Eu Morro, Eu Choro (2017) aborda a história trágica de uma mulher e o mito que a cerca.

“Consuella” (2023), de Alexandre Figueirôa, é uma das suas diversas incursões na vida queer da cidade do Recife.”

Leo Tabosa, por sua vez, investiga temas como identidade e adaptação em seus filmes. Em Tubarão (2013), ele retrata a luta de um estrangeiro para se ajustar à sua nova realidade, capturando as dificuldades emocionais e culturais que essa transição acarreta. Outro destaque é Baunilha (2017), que convida o espectador a refletir sobre a percepção sensorial, sugerindo que tudo que vemos e tocamos pode ter um significado mais profundo e simbólico. Em Marie (2019), Tabosa narra o retorno de uma mulher ao sertão após 15 anos para enterrar o pai, onde reencontra seu melhor amigo de infância, Estevão, revivendo memórias de um passado marcado por laços afetivos e transformações.

O coletivo Surto & Deslumbramento também apresenta obras que exploram a invenção e experimentalismo. André Antônio, com Vênus de Nyke (2021), investiga a psique de um paciente em um contexto de saúde mental, refletindo sobre sua identidade e os delírios que o cercam. Rodrigo Almeida, em O Nascimento de Helena (2021), explora a relação de um homem com seu filho, fruto de um passado tumultuado, e a busca por reconciliação. Por sua vez, Chico Lacerda apresenta Sonhos (2022), onde um documentarista registra seus sonhos com sua câmera, explorando a interseção entre arte e subjetividade.

Confira a programação completa:

05/10 – SÁBADO
17h – A onda de filmes Queer em Super-8 da Paraíba: Perequeté / Baltazar da Lomba / Era Vermelho Seu Batom / Closes / Miserere Nobis
Classificação: 18 anos | Duração: 105 min

06/10 – DOMINGO
15h – Leo Tabosa: Tubarão / Baunilha / Marie / Dinho
Classificação: 18 anos | Duração: 82 min

12/10 – SÁBADO
15h – Noá Bonoba: O Mundo Sem Nós / Terra Ausente / Nebulosa / Travomantra / Lalabis
Classificação: 18 anos | Duração: 80 min

17h – Surto e Deslumbramento: Vênus de Nyke / O Nascimento de Helena / Sonhos
Classificação: 18 anos | Duração: 90 min

13/10 – DOMINGO
15h – Breno Baptista: Monstro / Bando Sagrado / Panteras
Classificação: 18 anos | Duração: 83 min

19/10 – SÁBADO
18h – Alexandre Figueirôa: Eternamente Elza / Kibe Lanches / Piu Piu / Recife, Marrocos / Consuella
Classificação: 18 anos | Duração: 93 min

20/10 – DOMINGO
15h – R.B. Lima: De Vez Em Quando, Quando Eu Morro, Eu Choro / Beso Rosado / BOYZIN / Adão, Eva e o Fruto Proibido
Classificação: 18 anos | Duração: 80 min

25/10 – SEXTA
15h – Leo Tabosa: Tubarão / Baunilha / Marie / Dinho
Classificação: 18 anos | Duração: 82 min

18h – A onda de filmes Queer em Super-8 da Paraíba: Perequeté / Baltazar da Lomba / Era Vermelho Seu Batom / Closes / Miserere Nobis
Classificação: 18 anos | Duração: 105 min

26/10 – SÁBADO
17h – Breno Baptista: Monstro / O Bando Sagrado / Panteras
Classificação: 18 anos | Duração: 83 min

27/10 – DOMINGO
18h – Noá Bonoba: O Mundo Sem Nós / Terra Ausente / Nebulosa / Travomantra / Lalabis
Classificação: 18 anos | Duração: 80 min

01/11 – SEXTA
18h – Alexandre Figueirôa: Eternamente Elza / Kibe Lanches / Piu Piu / Recife, Marrocos / Consuella
Classificação: 14 anos | Duração: 92 min

02/11 – SÁBADO
17h – Surto e Deslumbramento: Vênus de Nyke / O Nascimento de Helena / Sonhos
Classificação: 18 anos | Duração: 95 min

03/11 – DOMINGO
15h – R.B. Lima: De Vez Em Quando, Quando Eu Morro, Eu Choro / Beso Rosado / BOYZIN / Adão, Eva e o Fruto Proibido
Classificação: 18 anos | Duração: 80 min