ANDAI lança carta aberta sobre distribuição
Associação das distribuidoras audiovisuais Independentes solicita mais fomento e acesso a dados.
Por Yuri Lins | 01.11.2024 (sexta-feira)
A Associação Nacional das Distribuidoras Audiovisuais Independentes (ANDAI) divulgou uma “Carta Aberta” que expõe os desafios da distribuição de filmes no Brasil, com ênfase na produção nacional independente. O documento traz um panorama sobre a concentração de mercado no setor e apresenta propostas para fortalecer a presença do cinema brasileiro, promovendo sua diversidade e inovação.
As demandas são organizadas em três eixos principais: fomento, que sugere políticas de incentivo voltadas à distribuição de obras nacionais; dados e indicadores, que destacam a importância de informações transparentes sobre o desempenho das produções; e formação de público, que propõe ações educativas para ampliar o interesse e a valorização do cinema brasileiro.
A íntegra do texto pode ser conferida a seguir:
CARTA ABERTA DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DAS DISTRIBUIDORAS AUDIOVISUAIS INDEPENDENTES
A distribuição de filmes no Brasil, especialmente da produção nacional, enfrenta obstáculos para sua valorização e para a democratização do acesso à cultura. O mercado, dominado por grandes empresas internacionais e pela concentração, dificulta a inserção de filmes independentes e autorais, que representam a diversidade cultural brasileira e a inovação estética e narrativa.
Em pesquisa apresentada no Fórum de Ideias da Mostra de SP, as distribuidoras associadas à ANDAI lançaram mais de 400 títulos nos últimos 10 anos, atingindo em 2023 a marca de 45% dos filmes brasileiros lançados, sendo 35% dirigidos por mulheres e com filmes de todas as regiões do país.
Diante deste cenário e partindo da premissa que há diferentes cinemas e mercados, a ANDAI – Associação Nacional de Distribuidoras Audiovisuais Independentes, uma associação civil sem fins lucrativos que representa 19 distribuidoras brasileiras, apresenta este manifesto como um chamado à ação para fortalecer a distribuição independente. São 3 (três) eixos principais com demandas que visam uma indústria audiovisual mais integrada, com políticas públicas e ações de mercado mais eficazes e que deem conta da pluralidade de nosso cinema.
- Fomento
– Garantir a regularidade e previsibilidade dos fomentos à distribuição, incluindo linhas com fluxo contínuo e o apoio automático para produções que já foram financiadas pelo Fundo Setorial do Audiovisual (FSA).
– Garantir a modulação por faixas de investimento na chamada pública de comercialização, contemplando projetos de diferentes tamanhos de lançamento, com um investimento mínimo de R$ 250 mil reais.
– Dobrar o valor nominal de investimento do FSA para comercialização e difusão audiovisual.
- Dados e indicadores
– Ampliar o acesso ao Sistema de Controle de Bilheterias, garantindo informação em tempo real para distribuidoras brasileiras independentes.
– Mensurar oficialmente o público, além das exibições comerciais de salas de cinema, incluindo público de sessões gratuitas e de outras janelas de exibição.
– Fortalecer o Observatório de Cinema e Audiovisual (OCA- ANCINE), com mais dados do setor de distribuição, incluindo análises dos orçamentos de distribuição de obras brasileiras e o mapeamento da diversidade.
- Formação de público, fortalecendo a exibição
– Recuperar, fortalecer e aperfeiçoar o PAR Exibição, incluindo subsídios de ingressos a obras brasileiras e revendo a regra de limitação de duas salas máximas por projeto. – Estimular programas de formação de público que fortaleçam a presença do audiovisual brasileiro nas salas de cinema e, também, em outras janelas de exibição.
A ANDAI, por meio deste manifesto, conclama todos os agentes do setor audiovisual a se unirem na construção de um mercado mais justo, democrático e representativo, que valorize a diversidade, promova a relevância do cinema brasileiro e impulsione sua internacionalização.
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