28º Tiradentes (2025) – Seleção
A mostra Olhos Livres conta com dois longas pernambucanos: São filmes de Letícia Simões e Daniel Aragão.
Por Luiz Joaquim | 23.12.2024 (segunda-feira)
– a atriz Bruna Linzmeyer é a homenageada da edição 2025
– Com informações da assessoria da Mostra.
Reafirmando-se como vitrine da produção autoral brasileira contemporânea, a 28ª Mostra de Cinema de Tiradentes acontece entre 24 de janeiro e 1º de fevereiro de 2025 na cidade histórica mineira com mudanças importantes na estrutura de programação. As mostras competitivas Olhos Livres, Aurora e Foco, que reúnem filmes com inovações de linguagem e modos de produção, passam por alterações com objetivo de retomar algumas de suas premissas originais e manter a produção de vanguarda como grande destaque no evento.
A Mostra Olhos Livres passa a ser avaliada pelo Júri Oficial enquanto a Mostra Aurora será avaliada pelo Júri Jovem com sessões no fim da tarde. Além disso, a Aurora agora passa a contar com filmes exclusivamente de cineastas em seu primeiro longa-metragem. A decisão reflete mudanças observadas no panorama do cinema independente ao longo dos últimos anos. “Quando a Aurora foi criada pelo curador Cléber Eduardo em 2008, o cenário da produção independente, de baixo ou baixíssimo orçamento, ainda estava se consolidando e buscava identidades. Com o tempo, esse campo ganhou forma e maturidade e modificou as trajetórias de seus realizadores”, explica Francis Vogner dos Reis, coordenador curatorial da Mostra de Tiradentes.
A Olhos Livres tem se destacado nos últimos anos a exibir filmes que resgatam o espírito original da Aurora, quando a proposta era desbravar novos caminhos na produção autoral. “Muitos desses filmes surgem à revelia das dificuldades econômicas enfrentadas pelo cinema brasileiro e adaptam-se às circunstâncias disponíveis. O cenário revela uma geração de realizadores que muitas vezes iniciaram suas trajetórias há dez anos ou mais e hoje já estão em seus terceiros, quartos ou até sextos longas-metragens. Apesar de se firmarem como jovens veteranos, continuam a apostar na radicalidade inventiva que marca suas obras”, segue o curador.
Os filmes selecionados para a Olhos Livres em 2025 são “Prédio Vazio” (ES), de Rodrigo Aragão; “A Primavera” (PE), de Daniel Aragão e Sergio Bivar; “Deuses da Peste” (SP/MG), de Gabriela Luíza e Tiago Mata Machado; “O Mundo dos Mortos” (RJ), de Pedro Tavares; “As Muitas Mortes de Antônio Parreiras” (RJ e CE), de Lucas Parente; “A Vida Secreta de Meus Três Homens” (PE), de Letícia Simões; e “Batguano 2” (PB), de Tavinho Teixeira.
No caso da Aurora, até 2024 a regra permitia a inscrição de até um terceiro longa-metragem de um mesmo realizador, com intenção de acompanhar o desenvolvimento e a evolução de novos autores. “Atualmente, esses realizadores, após o lançamento do primeiro longa, já ganham visibilidade e passam a circular em outros festivais, atingindo notoriedade muito mais rapidamente. Ao chegarem ao segundo ou terceiro trabalho, muitos têm carreiras em andamento e isso tornou necessário repensar os critérios da Aurora para valorizar a ideia de estreia e de novidade”, completa Francis.
Os selecionados para esta primeira edição da nova fase da Aurora são “Margeado” (ES), de Diego Zon; “Um Minuto é uma Eternidade para Quem está Sofrendo” (SE), de Fábio Rogério e Wesley Pereira de Castro; “Nem Deus é tão Justo quanto seus Jeans” (SP), de Sergio Silva; “Kickflip” (SP), de Lucca Filippin; “Cartografia das Ondas” (RJ), de Heloisa Machado; e “Resumo da Ópera” (CE), de Honório Félix e Breno de Lacerda.
A Foco, dedicada a curtas-metragens, mantém o perfil da pluralidade e radicalidade. “Estamos sempre atentos à emergência de expressões sofisticadas de quem está começando pelo curta ou de cineastas experientes que continuam explorando o formato como meio de experimentação e refinamento”, exalta Francis Vogner. Os curtas da Foco este ano são “Não me Abandone” (SP), de Gabriel Vieira de Mello; “Entre Corpos” (AL), de Mayra Costa; “Osmo” (DF), de Pablo Gonçalo; “Estrela Brava” (RJ), de Jorge Polo; “Memórias Despejadas (ou A Enchente Levou Tudo, E Encontraram A Luta)”, de Juliana Koetz (RS); “Trabalho de Amor Perdido” (SP), de Vinícius Romero; “Ver Céu no Chão” (CE e RJ), de Isabel Veiga; “Tamagotchi_balé” (RJ), de Anna Costa e Silva; “Sem Título # 9: Nem Todas as Flores da Falta” (SP), de Carlos Adriano; “HEYARI: Espalhar Fumaça para Fazer Adoecer Colocando Feitiço no Fogo” (SC), de Daniel Velasco Leão; “Jamais Visto” (MG), de Natália Reis; “O Mediador” (BA), de Marcus Curvelo; e “Marmita” (SP), de Guilherme Peraro.
As três seções competitivas em Tiradentes, embora distintas em seus recortes, dialogam entre si por meio da imaginação criativa e da busca por formas de expressão que surpreendam o público. Para Francis Vogner, o momento atual do cinema brasileiro é propício tanto a essa diversidade quanto à valorização de propostas fora do convencional. “Se em algum momento o novo estava associado apenas ao jovem, hoje entendemos que ele atravessa gerações. Temos esse ano realizadores estreando nos anos 2020 e outros que iniciaram suas trajetórias nos anos 1960, todos movidos pela inquietação e pela vontade de criar algo fora do comum”, reflete.
As mostras Olhos Livres e Foco são avaliadas pelo Júri Oficial, que escolhe o melhor filme e alguns outros prêmios especiais. Em 2025 os integrantes são Carlos Francisco (MG), ator; Cíntia Gil (Portugal), programadora; Ivo Lopes Araujo (CE), cineasta; Juçara Marçal (SP), cantora e compositora; e Rita Vênus (PE), crítica e curadora.
Já a Mostra Aurora terá o Júri Jovem, formado por estudantes selecionados numa oficina de crítica de cinema e composto por Clara Prado (SP), Letras, USP; Duds Tuts (MG), Cinema e Audiovisual, PUC Minas; Giulia Belmonte (RS), Cinema e Audiovisual, UFPel; Otávio Osaki (SP), Comunicação Social – Midialogia, Unicamp; e Sofia Carlos (RN), Comunicação Social – Audiovisual, UFRN.
CONFIRA AS COMPETITIVAS
MOSTRA OLHOS LIVRES
“A Primavera” (PE), de Daniel Aragão & Sergio Bivar
“As Muitas Mortes de Antônio Parreiras” (RJ e CE), de Lucas Parente
“Batguano 2” (PB), de Tavinho Teixeira
“Deuses da Peste” (SP/MG), de Gabriela Luíza e Tiago Mata Machado
“O Mundo dos Mortos” (RJ), de Pedro Tavares
“Prédio Vazio” (ES), de Rodrigo Aragão
“A Vida Secreta de Meus Três Homens” (PE), de Letícia Simões
MOSTRA AURORA
“Cartografia das ondas” (RJ), de Heloisa Machado
“Kickflip” (SP), de Lucca Filippin
“Margeado” (ES), de Diego Zon
“nem deus é tão justo quanto seus jeans” (SP), de Sergio Silva
“Resumo da Ópera” (CE), de Honório Félix e Breno de Lacerda
“Um Minuto é uma Eternidade para Quem está Sofrendo” (SE), de Fábio Rogério e Wesley Pereira de Castro
MOSTRA FOCO
“Entre Corpos” (AL), de Mayra Costa
“Estrela Brava” (RJ), de Jorge Polo
“HEYARI: espalhar fumaça para fazer adoecer colocando feitiço no fogo” (SC), de Daniel Velasco Leão
“Jamais Visto” (MG), de Natália Reis
“Marmita” (SP), de Guilherme Peraro
“Memórias Despejadas (ou A Enchente Levou Tudo, E Encontraram A Luta)”, de Juliana Koetz (RS)
“Não Me Abandone” (SP), de Gabriel Vieira de Mello
“O Mediador” (BA), de Marcus Curvelo
“Osmo” (DF), de Pablo Gonçalo
“Sem Título # 9: Nem Todas as Flores da Falta” (SP), de Carlos Adriano
“Tamagotchi_balé” (RJ), de Anna Costa e Silva
“Trabalho de Amor Perdido” (SP), de Vinícius Romero
“Ver Céu no Chão” (CE e RJ), de Isabel Veiga
0 Comentários