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Cop Land

Um Stallone como não conhecíamos até 1997, encarnando um policial decadente, lutando conta tudo e todos

Por Luiz Joaquim | 25.02.2025 (terça-feira)

– texto originalmente publicado em 23 de abril de 1998, no Jornal do Commercio (PE).

Quando esteve nas salas de exibição do Recife, Cop Land, de James Mangold, só ficou em cartaz por uma ingloriosa semana. Agora, você vai ter a chance de conferir em vídeo.

Talvez por sugerir o que não mostra, o filme não emplacou. Garrison é um pequeno município no estado americano de Nova Jersey. É para lá que os policiais de Nova York gostam de ir quando querem relaxar. O policial responsável pelo lugar é Freddy Heflin (Sylvester Stallone). Ele não tem muitos problemas para resolver, a não ser colocar sacos de lixo no seu devido lugar ou procurar evitar as brigas de moleques.

Mas, afinal de contas, para que alguém mais capacitado cuidando de uma cidade infestada de policiais o tempo inteiro? Freddy é lerdo, gordo e surdo de um ouvido. Conseguiu a deficiência quando salvava uma conterrânea do afogamento (Annabella Sciorra, de Febre da Selva). Ela sempre foi sua paixão, mas casou-se com um policial mau-caráter. Esse não é o único motivo da frustração de Freddy. Ele também sonhava em ser um policial durão da Big Apple. Foi reprovado no teste por causa de sua deficiência.

Mas, se você está achando que já sabe tudo sobre o filme, está enganado. Isto é apenas o pano de fundo para apresentar um dos personagens mais ricos que Stallone já teve a chance de interpretar. E ele o faz surpreendentemente bem. O astro de filmes de violência deu vida a um personagem sensível e interessante. Sua decadência é digna de comiseração. Sua determinação, digna de admiração. Stallone engordou bastante para vestir este personagem e procurou enriquecer seu policial com uma interpretação calcada em detalhes, como, por exemplo, seu modo de caminhar.

Paralelo a tudo isso, Cop Land mostra uma emaranhada teia de cumplicidade existente entre os policiais que, graças a um acidente, acaba envolvendo o nosso herói e sua honestidade. O diretor James Mangold contou com um elenco afinado e um roteiro caprichado para a realização da película. Está lá, como o policial da corregedoria, Robert De Niro (interpretando um homem da lei muito ao seu modo), Harvey Keitel como o tira mau (ele faz isso como ninguém), Ray Liotta (que já trabalhou com De Niro em Os Bons Companheiros) e até Janeane Garofalo fazendo as vezes de uma policial da cidadezinha, dando suporte ao personagem de Stallone. Garofalo era conhecida, até então, por suas participações em comédias juvenis como Festa Cão e Gato Caindo na Real.

Mangold, com elenco de primeira grandeza já em seu segundo filme

Além desse elenco de primeira grandeza, Mangold conseguiu realizar um filme com um timing correto, sem precipitações, fazendo com que o espectador ficasse, a cada fotograma, mais envolvido com a história e os personagens. A sequência final, o grande encontro entre mocinho e bandido, tem uma montagem feliz e totalmente envolvente, com o recurso do slow motion combinado com a surdez agonizante de Freddy.

Aquele que espera ver Stallone quebrando o pau e batendo em todo mundo sairá decepcionado do cinema. Quem quiser ver um momento diferente na carreira do ator, vai encontrar uma boa surpresa e, de quebra, conferir um típico, mas coerente, filme policial americano.

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