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O avanço do DVD Player no Brasil (2000)

DADOS – No ano 2000, o Brasil possui cerca de 18 milhões de videocassetes e 60 mil unidades de DVD.

Por Ernesto Barros | 04.02.2025 (terça-feira)

– texto publicado originalmente no Jornal do Commercio (Recife) em 22 de agosto de 2000. Na foto, o DVD Player 5000 da Gradiente, o primeiro comercializado no Brasil.

“Faz apenas dois anos que eu comprei o DVD Player 5000 da Gradiente, mas parece uma eternidade. É que, nesse pequeno espaço de tempo, muita coisa mudou. Hoje, nós já temos um mercado brasileiro a pleno vapor. Em janeiro de 1998, o DVD era novidade e um luxo para poucos. Tanto o aparelho quanto os discos eram caros – o Real tinha o mesmo valor do dólar, lembram-se? Agora, eles podem ser comprados em qualquer loja de departamentos ou eletrodomésticos.

Segundo dados da Associação Nacional dos Produtos Eletrônicos, o Brasil possui cerca de 18 milhões de videocassetes e 60 mil unidades de DVD. Nos Estados Unidos, estima-se que 65 milhões de lares possuem videocassetes, contra 5 milhões de players. Lá, os discos lançados já ultrapassaram a barreira dos 5 mil títulos, enquanto aqui no país chegamos a pouco mais de 400. Com um média de 35 títulos disponíveis a cada mês, esse número deve aumentar bastante com a entrada das distribuidoras que ainda não estão no mercado (caso da CIC Vídeo – que detêm os direitos dos filmes da Paramount e DreamWorks – e da Fox, além de algumas independentes).

Espera-se que com uma oferta maior, o consumidor brasileiro seja conquistado pela delícia de assistir em casa a um filme com qualidades excepcionais de imagem e som,  a grande diferença entre o videocassete e o DVD. Este é um lado positivo, mas não é o principal para o mercado se alavancar completamente. O preço do player ainda é bastante proibitivo, principalmente porque acompanha todo um upgrade na sala de estar do consumidor. Além do DVD, uma televisão moderna e um sistema de home theather são essenciais para a experiência. E o bolso como é que fica nessa hora?

Outra dúvida que paira na cabeça de quem está pensando em comprar um DVD é sobre a famosa divisão de áreas acordada pelos fabricantes de aparelhos e a indústria cinematográfica americana. Não esperem mudanças. O protecionismo, por enquanto, só tende a aumentar. E cada mercado vai ter que ser criado e explorado separadamente, com cada região tendo seus discos específicos, mesmo que eles sejam produzidos nos Estados Unidos.

No primeiro ano de lançamento do DVD, as áreas eram 5, hoje, já são 7. Por ordem são as seguintes: 1) Estados Unidos, Canadá e Territórios Americanos; 2) Japão, Europa, África do Sul e Oriente Médio (incluindo o Egito; 3) Sudoeste e Oeste da Ásia (incluindo Hong Kong); 4) Austrália, Nova Zelândia, Ilhas do Pacífico, América Central, México, América do Sul e Caribe; 5) Europa do Leste (inclui ex-repúblicas soviéticas) Índia Subcontinental, África (incluindo Coréia do Norte e Mongólia);  6) China; 7) área reservada e 8) Apresentações internacionais em aviões e cruzeiros marítimos).

É repartindo o mundo dessa maneira que a indústria americana tenta preservar o lançamento dos filme que produz para serem exibidos primeiros nas salas de cinema. Para fugir dessas amarras, consumidores do mundo todo estão partindo para modificações nos aparelhos, permitidas em algumas marcas com a quebra de um único chip. Por enquanto, essa é maneira encontrada para se ter acesso aos lançamentos de outras de outras áreas, e não esperar que o filme seja lançado por aqui quando as distribuidores bem entenderem (muitas vezes mutilados em relação ao lançamento original). A globalização, acredite, pode ser boa para o Terceiro Mundo. Mas não para a indústria cinematográfica americana.

Ernesto Barros é jornalista e editor do site http://www.kinema.com.br”   

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