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Críticas

Star Trek: Sem Fronteiras

Ainda empolgante, mas com menor complexidade humana

Por Luiz Joaquim | 31.08.2016 (quarta-feira)

Star trek: sem fronteiras (Star Trek Beyond, EUA, 2016) chega mais uma vez sob produção do prodigioso J.J. Abrams, mas desta vez ele não assina a direção, como o fez nos dois filmes que o antecederam – Star trek (2009) e Além da escuridão: star trek (2013) -, títulos que iniciaram uma nova cara, de bela feição cinematográfica, para a valiosa ficção científica sedutora de trekkers há já 50 anos.

É talvez por isto que Sem fronteiras, com direção do tawianês Justin Lin, mais lembrado pela direção da franquia Velozes e furiososfilmes 3 a 6 -, resguarde um especial destaque para a ação em detrimento das implicações humanas próprias dos personagens, todas tão fortes e responsáveis pelo sucesso da franquia interestelar.

Dizemos isto em comparação aos filmes de 2009 e 2013, levados pela mão de J.J. Elas foram obras que, atendendo muito bem ao fã e ao leigo, apresentavam uma dosagem entre a complicação da trama e a viva energia de amizade e brincadeira da tripulação da nave USS Enterprise.

Se o fã era ali satisfeito com a excelência na performance de Chris Pine (como Capitão Kirk) e Zachary Quinto (como o vulcano Spock), respeitosos e fieis na essência de seus personagens, o leigo também podia apreciar a fruição da trama quase sem precisar de referências canônicas da série. Era, enfim, como ser introduzido ao universo trekker de maneira leve, competente e séria.

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Sem fronteiras chega num tom um pouco distinto. Mas só um pouco. Justin Lin não deixa de utilizar a mistura necessária à franquia entre a ação e a emoção. A diferença é que sua dosagem é diferente que a de J. J., concentrando mais volume nas tramoias interestelares, quase burocráticas da Federação.

De qualquer forma, o roteiro de Sem fronteiras oferece uma alta carga de tensão nas diversas situações que apresenta, e todas muito bem elaboradas pelo aspecto do espírito “sem saída”. O ponto a ser observado aqui é o quanto o espectador se envolve com elas (em sequências visualmente por vezes confusas) uma vez que a beleza da força da amizade da tribulação do Cap. Kirk vem em dosagens de exposição menor.

Mas, aos trekkers, possivelmente, a alegria da tensão disponível por um filme assim lhes chegue por um alto nível aqui, isso porque logo no seu início os tripulantes de Kirk partem – no terceiro ano, dos cinco previstos para explorar o espaço -, para resgatar outra tripulação num planeta por trás de uma nebulosa.

Nesta sequência, aqueles que têm uma relação de carinho com a aeronave Enterprise – assim como Kirk – irão testemunhar uma das cenas mais fortes da série.

É neste Sem fronteiras que é apresentando aos novos espectadores o vilão Krall (Idris Elba), assim como a heroína Jaylah (Sofia Boutella), que deverá surgir no próximo filme da franquia, já em desenvolvimento de roteiro.

O plot do roteiro no filme lançado amanhã (1º/09) reside principalmente no velho jogo de gato e rato, com um Krall quer um artefato bélico – que Hitchcock chamaria de MacGuffin – e que está de posse de Kirk. Krall fará de tudo para consegui-lo. A única complexidade extra reside numa dúvida tanto de Kirk quanto de Spock por cogitar deixarem suas heroicas funções à frente da Enterprise.

 

São questões existenciais que poderiam tornar Sem fronteiras bem mais sofisticado e denso. Ao menos ainda temos aqui o humor bem calibrado entre a lógica do vulcano mais querido do cinema e a impetuosidade do capitão Kirk. Com o detalhe que aqui Spok interage muito mais com o Dr. Bones (Karl Urban).

Um parágrafo é válido para falar do futurista design, de encher os olhos, criado para compor Yorktown, uma espécie de planeta artificial onde a Enterprise faz um pitstop antes de partir para a luta.

Sem fronteiras é dedicado a Leonard Nimoy (o eterno Spock), falecido ano passado, e também ao ator Anton Yelchin, que interpretou o tripulante Chekov nestes três filmes que reiniciaram a franquia a partir de 2009. Yelchin faleceu aos 27 anos, há exatos 73 dias, em acidente de automóvel.

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